Gostaríamos de escrever ao o jornalista responsável pela reportagem sobre o trote da UDESC – Laguna. Infelizmente, o jornal não informa o autor da matéria. Assim, escrevo ao jornal:
“TROTE HUMILHA CALOUROS EM LAGUNA” é uma manchete um tanto quanto sensacionalista, que deveria ter sido sustentada com argumentos concretos e substanciais. Escrever uma reportagem com base em comentários de uma rede social, sem nem ao menos dar-se ao trabalho de confirmar as informações e/ou entrevistar alguns dos envolvidos não parece ser a forma mais apropriada de exercer o jornalismo.
Afirmar que calouros foram humilhados é uma acusação pesada, uma vez que não existe queixa por parte de NENHUM dos envolvidos. Muito pelo contrario: muitos calouros, voluntariamente, manifestaram-se na página do jornal, indignados com o teor da reportagem.
Depois de ler a matéria publicada, várias perguntas ficaram sem resposta. Gostaríamos que o jornalista, por favor, esclarecesse:
1) Quantos calouros envolvidos no trote foram entrevistados pelo jornalista?
2) Quantos calouros entrevistados disseram terem sido humilhados no trote?
3) Quantos calouros disseram terem sido obrigados a participar do trote?
4) Qual a única punição dada aos calouros que não participam do trote? (Uma dica, a resposta correta é: calouro que não participa do trote não tem o direito de aplicar trote quando chegar a sua vez, no terceiro semestre).
5) O jornalista buscou informações sobre todas as atividades de recepção aos calouros desenvolvidas pela UDESC – Laguna?
6) No mesmo álbum de fotos do facebook do qual foi extraída (de forma não autorizada) a foto publicada, encontram-se as fotos do “trote limpo”, em que os calouros recolheram lixo na Praia do Mar Grosso. Este fato não valeria a pena ser comentado também?
7) A matéria do jornalista contrapõe UDESC e Unisul, sendo a UDESC apresentada como vilã e a Unisul como o paraíso. Por qual razão o jornalista utilizou a Unisul como contraponto à UDESC, se as duas universidades desenvolvem atividades semelhantes de recepção aos calouros, assim como UFSC, Unesc e outras universidades da Região? O fato de que a Unisul ser anunciante no jornal pode ter influenciado a escolha? (Que outro motivo poderia explicar tanta negligencia com o levantamento de dados para a reportagem?)
O trote aplicado pelos veteranos (alunos da terceira fase) nos calouros (alunos da primeira fase) tem sido realizado desde a implantação do curso em laguna, sempre de forma responsável, e de acordo com o seguinte protocolo:
a) Os calouros participam do trote voluntariamente. Nenhum calouro é obrigado a participar ou sofre retaliações;
b) Os calouros são entrevistados antes do trote e questionados sobre alergias, problemas de saúde, idade, etc;
c) Todos os calouros são informados, antes do inicio do trote, que podem abandonar a brincadeira a qualquer momento, caso sinta-se desconfortável ou contrariado;
d) O trote é realizado na praia (local publico), fora do horário de aula. O que demonstra o fato de que não há absolutamente NADA a esconder, com a possibilidade de qualquer membro da população – inclusive a policia – assistir;
e) Durante as brincadeiras, toalhas e papel são disponibilizados para que os calouros limpem os olhos e boca em caso de algum desconforto (neste ano, os veteranos disponibilizaram até pedaços de suas roupas para ajudar).
Nesses anos todos, desde o inicio da aplicação do trote, não há registros de reclamações de qualquer abuso ou exagero de ninguém. Se calouros tivessem sido entrevistados, ver-se-ia que tanto os que participaram quanto os que não quiseram participar acham que a brincadeira é saudável, divertida e integradora. Se os veteranos organizadores tivessem sido entrevistados, diriam que tudo é feito de forma organizada e prezando pelo respeito e bem estar de todos.
O texto publicado no jornal possui algumas incorreções. Envio em anexo nossas observações, entre duplos parêntesis, no decorrer do texto.
Aguardamos a resposta aos questionamentos desta carta.
Atenciosamente
Acadêmicos da UDESC – Laguna, turma 2011.1
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Trote humilha calouros em Laguna.
(publicado em Diário do Sul, 10/03/2012)
LAGUNA – Os calouros do curso de Arquitetura ((na verdade, o trote é organizado conjuntamente entre estudantes de arquitetura e Engenharia da Pesca)) da Udesc de Laguna passaram por um trote constrangedor nesta quinta-feira ((na verdade, foi na quarta-feira)). Fotos postadas no Facebook ((Facebook é a fonte de informação deste jornalista?)) mostram os calouros passando por uma espécie de vala aberta na areia da praia e coberta com lona, com vários produtos; em outra foto é possível vê-los deitados já sujos e com os veteranos e outras pessoas ao redor.
Entre os comentários postados no Facebook há informações sobre o que foi colocado na lona onde os calouros precisavam passar: “mijo, óleo, água, fruta podre e todo (sic) de ruim.. iuaehuihuhe” e “esqueceu do arroz velho e do molho de cachorro quente”. ((o que de fato havia na mistura: frutas estragadas, óleo de cozinha utilizado e água do mar. Nada além disso)). Outros comentários ironizam o fato: “Ótimo pra cabelo isso aih!”, e ainda “iiiisso q é trote.... na praia e com mulherada dominando!”. Outros são risadas e palavrões e até de espanto, como “Nossa” e “Credo”. ((Esses comentários, na verdade, foram especulações feitas por pessoas que não estavam envolvidas na organização do trote)).
O chefe do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Udesc de Laguna, Jader Afonso Savi Mondo, disse desconhecer o trote. “Na universidade, o trote é proibido dentro do seu espaço físico, mas fora não temos como controlar. Nós procuramos desestimular o trote e no início do semestre fizemos uma gincana para integrar os veteranos e os calouros. Vou repassar a informação à direção da instituição, para que eles tomem as providências cabidas”, afirma o professor. ((O trote foi realizado fora da universidade e fora do horário de aula, sem utilizar nenhuma estrutura/apoio da UDESC ou do CAAU ou do CAEP, portanto, não cabe nenhuma providencia administrativa por parte da UDESC)).
Unisul – Se há alguns anos trotes como este realizado em Laguna eram comuns em Tubarão, hoje a situação é bem diferente ((O vídeo a seguir, também publicado no facebook, mostra o contrário: um trote nos mesmos moldes, realizado durante o dia 01 de março deste ano, próximo às instalações da Unisul: http://tinyurl.com/778ttr7)). Em vez de trote, os calouros serão recepcionados com atividades culturais. ((Durante a primeira semana do semestre, os calouros da UDESC também participam da GICERES, gincana de integração dos calouros, com provas culturais e desportivas.)) As unidades da Unisul de Içara, Braço do Norte, Araranguá e do campus de Tubarão realizam os eventos de recepção, respectivamente, nos próximos dias 12, 13, 14 e 15. As atividades serão às 19h30 em todas as unidades, exceto em Tubarão, que dá as boas-vindas aos mais de 1,2 mil calouros às 9h30 e às 20h30.
Em Tubarão, os novos alunos assistem a atrações artísticas do Coral Universitário, da Cia. de Teatro e Cia. de Dança. A novidade deste ano é a exibição de um vídeo que mostra a estrutura da Unisul, destaca seus principais projetos e fornece informações para o acesso aos serviços da universidade.
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